quarta-feira, 21 de outubro de 2009

BIENAL EM VENEZA - Por Edilma Rocha


A Piazza San Marco num final de tarde tornava-se barulhenta e povoada pelos artistas, marchans, jornalistas, curadores e turistas que se aproximam da entrada do Museu Correr.
O que se vê no meio ao frio da Europa é um espetáculo no desfile dos casacos, chapéus, penteados, gravatas, botas e perfumes misturandos a roupas surradas e sapatos velhos dos apreciadores de Arte que chegam do mundo inteiro.
Na entrada um vai e vem de pessoas que mais parecem formigas em busca do alimento para a alma. A Arte Mundial. Tudo fica apertado e quase não há espaço suficiente para uma melhor observação, mas não importa. Todos conhecem bem a bôa parte dos artistas que estão expondo depois do estudo detalhado do catálogo. O mundo das Artes ocorre ritualmente em Veneza a cada Bienal.
É a minha terceira visita nestes últimos anos. Esta é uma perigrinação obrigatória por mais uma amostra. Deixar de visitar seria imperdoável. Tudo está bem alí atraindo um número de visitantes ao lado da Catedral de San Marco, plantada, em sua secular beleza. Veneza está habituada a peregrinos. Sua exuberância, hipinotiza pessoas de todo o mundo. Mas, nas Bienais, um outro tipo de pessoas circulam pelo pátio, mas não são os costumeiros alimentdores de pombos e apreciadores dos passeios de Gôndolas. Gente como eu, a espera de mais uma oportunidade naquele evento Internacional. Os artistas não são difíceis de serem identificados, trafegam em grupos, cumprindo tôdo o circuito dos pavilhões. Nomes como o alemão Anselm Keifen, o tcheco Ivan Kafta, e os brasileiros Waldetário Caldas e Jac Leiner estão presentes. Se vê de tudo. Marchans vendem, artistas procuram novidades, colecionadores são paparicados e os diretores de museus, cortejados. Trocamos sorrisos e cartões com e-mails a cada dez metros entre frases que chegam até comentários casuais. Tudo pode ser dito, sem ferir a verdade sôbre a exposição, mesmo que em aspecto temático tão amplo, tudo caiba.
Veneza ! É ela mesma moldada em Arte, labirinto infindável do engenho humano. Grandes e pequenos canais refletem o brilho dos cristais no espelho dágua. Alí, amostras de Arte, por mais perfeitas que sejam, estão sempre condenadas a coajuvantes de uma cidade única, monumental, que resiste altivamente aos intempérieis do tempo.
Edilma Rocha