segunda-feira, 22 de junho de 2009

SINHÁ DÁMORA A DAMA DAS ARTES - Por Edilma Rocha


O maior nùmero de obras do Museu de Arte Vicente Leite no Crato são assinadas pela pintora cerarense, perfazendo um total de 23 trabalhos.

No dia 1 de setembro de 1906 nasceu umqa menina filha do cononel Francisco Augusto Correia lima e de Josefa Rolin de Morais Lima, que passou a chamar-se Fideralina de Moarais Correia Lima. Era diferente das demais da pequena cidade de Lavras da Mangabeira. Olhos grandes, verdes,manuseava os livros do casarão da família procurando curiosa as figuras e pinturas, pois nem sabia ler ainda, mas já sonhava com alguma coisa , feito fantasia de criança. O pai tinha uma situação financeira previlegiada, afinal era coronel de engenho e a filha foi estudar em colégio de freiras. Apreciava as aulas de educação artistica e a passou a conhecer as artes pásticas. Terminada a Escola Normal , faziam parte dos seus sonhos casar com um intelectual e ser uma artista.

Conheceu um rapaz chamado Maciel, escritor e poeta de familia influente na capital Fortaleza onde frequentava a socisdade. feio e tímido, mas inteligente e brilhante, disposto a aceita-la como espôsa realizando as suas vontades por mais audaciosas e estranhas naquela época, como morar no Rio de Janeiro e não ter filhos. Casou-se no dia do seu aniversário e nunca assumiu as terefas domésticas, pois o seu ideal iria além dessas prendas.

Ingressou na Escola Nacional de Belas Artes em 1933, foi aluna de Georgina de Albuquerque, Marques Junior e Rodolfo Camberland, concluindo-a em 1938. A artista vivia exclusivamente para pintar. Para ela nunca foi difícel espaço ou local para exposições, pois contava com o prestigio do marido que tudo fazia para agrada-la. Era a senhora pintora do então conhecido escritor e poeta da Academia Brasileira deLetras, Amora Maciel. Afirmou-se o prestigio social da artista sempre com salões cheios de autoridades, cercando a expositora de atenções especiais e elogios. Nunca lhe faltaram recursos para viágens, cursos e exposições laureadas de premiações constantes.

Cursou na Academia de Artes em Florença, Italia, uma cadeira de história com Geovanni Vagnetti, na grande Chavmiére em Paris, França, cursocom o mestre Monsieur Rode. Recebeuorientação no Brasil de Jordão de Oliveira, Pascoal Teixeira de Assis, participou de inúmeros certames artisticos nacionais e internacionais, repleta de medalhas de ouro, prata e bronze. No Brasil expôs no Rio de Janeiro, Niteroi, Fortaleza, Juiz de Fora, São Paulo. No exterior em Lisboa, Chile, Africa do Sul e New York.

Inteligente, de temperamento versátel, com uma pintura heterogênia, se utilizando como temaem diversos trabalhos, pintou nus, flôres,marinhas, retratos, paisagens, pássaros, música, primitivo, moderno e contemporaneo, sem nunca esquecer as suas raizes nordestinas. Seu nome artistico Sinhá Dámora foi escolhido pelo marido, composto pelo apelidio da mãe - Sinhá - e o sobrenome de casada - Amora .

A viuvez bateu-lhe a porta e compõe o seu único poema...


REALISMO

Como estou hoje longe de você !

Seu arroubo, seu calor, viraram um papel molhado

Sinto a depressão infinita de quem não crê.

Abraçando com sofregidão, esse amargo bocado !


Jamais o quereria aos meus pés !...

De rainha que fui, verdadeira ou não...

Não interessa sabe-lo de cristalina fé.

Apenas me apraz o desapego de então.


Juras ?

Sei que seriam sentidas no momento

Mas para que ?

Se logo após tudo é mentira !

Prefiro aquele barulho

Do mar... verdoengo...

Sussurando aos eus ouvidos

Essa bela afirmativa.


AMA-TE A TI MESMA, OH ! MULHER !

Convive com a natureza rica

Embriagando-te como um ser qualquer...

E terás atingido o mais alto nível da vida


Por ocasião da inauguração do nosso museu de Arte a conheci. Fui recepcionista ao lado do seu fundador Bruno Pedosa e nos tornamos amigas desde então.Me agraciou com uma bolsa de estudos para fazer restauração na Sociedade Brasileira de Belas Artes no Rio, onde exercia um cargo de secretária na gestão do presidente Sansão Perreira.