quarta-feira, 10 de junho de 2009

Restauração Museu de Artes Crato III

Voltando a minha terra natal depois de quase 10 anos, me deparei com os visiveis estragos causados pela ação do tempo no acervo do Museu de Arte Vicente Leite. Um museu não funciona apenas com obras penduradas nas paredes ou expositores, tudo que é exposto necescita de limpeza , cuidados e preservação, e isso foi esquecido. Tomei conhecimento de que nunca existiu uma verba sequer para limpeza das instalações e nem pessoal qualificado para funcionamento de um museu de arte. Talvez por não ter a frente um museólogo e restaurador responsavel, como tambem o devido conhecimento do valor das obras doadas a cidade.
O primeiro passo foi fundar a Sociedade dos Amigos do Museu do Crato, para com isso ter acesso legal aquele orgão. Inúmeras vezes por minhas passagens a cidade, tentei alertar o poder público dos danos e responsabilidades. Mas como em uma pequena cidade do interior existem sempre outras prioridades, ficavam as promessas e o tempo passando.
O antigo prédio sempre foi o primeiro problema, pois o espaço era pequeno e sem aclimatização, salientando que foi ali instalado por caráter provissorio que perdurou mais de 30 anos. As árvores acima do telhado causaram goteiras e acúmulo de folhagens entupindo as canaletas de escoamento dágua, causando danos graves aos quadros.
Um museu é um espaço de estudo visual e histórico que serve de aprendizado para todos aqueles que por qualquer razão visitem o seu acervo. A relação entre o objeto e o expectador é fundamental para o conhecimento do autor, técnica, estilo. A constante visita faz aos poucos entender e diferenciar o clássico, impressionista, abstrato, moderno e contemporâneo, fazendo assim conhecer as artes plásticas.
O Museu de Arte Vicente Leite, possue um acervo de nomes importantes na história da arte vivida nos anos cinquenta, sessenta e setenta no Rio de Janeiro, berço das artes no Brasil, salientando o entrosamento entre mestres, alunos, pais, filhos, amigos e conterrâneos de uma época laureada de medalhas, mensões honrosas e premios de viágens ao Brasil e ao Exterior, tambem os trabalhos de José Reis de Carvalho, Pedro Américo, Henrique Bernadelli, todos pertencentes a Academia Imperial de Belas Artes.
Compõe o acervo trabalhos doados pelos seguintes pintores : Francesco Mazza, Luiza Maciell,
Sandro Donatelo, Sansão Perreira, Armínio Pascoal, Catharineus Petrus, Jair Picado, Batista de Paulo Junior, Hilda Campofiorito, Claudio Valério, Mauricio Alvarez, Armando Martins, Jordão de Oliveira, Alcides Cruz, Helena Cavalcante, Costa Filho, Pedro Betzold,Clério Perreira, Braulio
Poiava, Lenice Salvi, Sinhá Dámora, Alberto Pascoal, Ubi Bava, Paulo Silva, doado - Vicente Leite, Sérvulo Esmeraldo, Barrica, Descartes, Bruno Pedrosa, Osvaldo Teixeira. Tambem pertence ao acervo esculturas de Celita Vacani. Muitos aqui reunidos foram dissipulos dos mestres; Ingres,Coignet,Hippolyte, Heroce Vernet, Pedro Americo,Rodolfo Chamberland, Rodolfo Amoedo,Paulo Mazzuchelli, José Maria de Almeida, João Cury, Casemiro Ramos, Mario Barata,Batista da Costa, Armando Pacheco,Raimundo Cela, Quintino Marques, Georgina de Albuquerque,Osvaldo Teixeira,Lucilio de Albuquerque, que fizeram a historia da arte no Brasil.
Agraciada com uma bolsa de estudos na Sociedade Brasileira de Belas Artes por Sinhá Dámora, estou hoje tendo a honra de restaurar este valioso acervo, que me serve de um verdadeiro laboratorio de experiencias entre pigmentos, têmperas,tintas, óleos, vernizes,guaches,pasteis, desenhos, aquarelas e carvões. Perfazendo uma pesquisa sem igual.
Filha do Crato, ninguem mais do que eu tem tanto orgulho de finalizar este trabalho e entregar aos amantes das artes este valioso tesouro, fazendo valer o titulo ....
CRATO - PRINCESA DO CARIRI - CAPITAL DA CULTURA

Por - Edilma Rocha